
No início de janeiro, o Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp realizou a primeira assistência circulatória ventricular esquerda prolongada, utilizando uma bomba centrífuga externa CentriMag,
que funcionou como um "coração artificial".
A tecnologia foi empregada pela primeira vez na instituição para tratar um paciente da UTI pediátrica que, após contrair uma virose que causou miocardite viral, evoluiu para uma insuficiência cardíaca gravíssima.
Após a evolução clínica desfavorável da criança, que estava em suporte da ECMO (oxigenação por membrana extracorpórea) por 18 dias, as equipes de cirurgia cardíaca, perfusão, cardiopediatria e UTI pediátrica optaram por um suporte circulatório prolongado utilizando a CentriMag. A ECMO, que inicialmente havia sido instalada para estabilizar o quadro, não apresentou sinais de melhora na função cardíaca da criança. Diante dessa situação, foi necessário um dispositivo que proporcionasse suporte mecânico contínuo ao ventrículo esquerdo, com o objetivo de estabilizar a criança e avaliar o potencial de recuperação cardíaca ou a necessidade de transplante.
Alternativas de suporte circulatório
De acordo com Orlando Petrucci Júnior, coordenador de cirurgia cardíaca do HC, para uma criança de 1 ano e 7 meses em choque cardiogênico, a alternativa ao uso de medicamentos endovenosos (que ajudam na melhora da função cardíaca) era o uso da ECMO-VA (oxigenação por membrana extracorpórea veno-arterial). Este procedimento, inicialmente utilizado, teve como objetivo estabilizar o quadro da criança e avaliar se ela evoluiria para uma recuperação ou para uma falência cardíaca irreversível. Contudo, após um período sem sinais de recuperação, foi necessária uma opção de suporte mais duradoura, como a CentriMag.
“A ECMO é um suporte mecânico de curta duração, variando entre 15 a 30 dias. Quando não há mais sinais de melhora, é necessário buscar alternativas mais longas, como a CentriMag, que permite uma avaliação mais prolongada da evolução clínica e da necessidade de um possível transplante”, explica Petrucci.
Suporte contínuo para recuperação ou transplante
A ECMO e a CentriMag são tecnologias complexas que exigem monitoramento constante e uma equipe altamente especializada. Carlos Lavagnoli, cirurgião cardíaco e membro da equipe multidisciplinar, explica que esses dispositivos têm um papel crucial como "ponte para o transplante" ou "ponte para recuperação", ajudando pacientes a ganhar tempo enquanto aguardam um transplante ou recuperam-se de uma insuficiência cardíaca grave.
“Ambas as tecnologias são usadas para garantir a estabilização do paciente, seja aguardando um transplante, seja para recuperação após complicações graves, como falência cardíaca ou pulmonar”, afirma Lavagnoli.
Um marco histórico para o HC e a região
A utilização do CentriMag pela primeira vez no HC da Unicamp e na região é um marco importante. Segundo Elio Carvalho, biomédico perfusionista, poucas instituições no Brasil possuem experiência com essa tecnologia de ponta, sendo o INCOR em São Paulo uma das referências no uso do CentriMag.
“Esse avanço representa um marco histórico para o HC da Unicamp e reforça o compromisso do hospital em oferecer as melhores opções de tratamento aos seus pacientes”, comenta Carvalho.
A superintendência do HC, sob a liderança da Profa. Dra. Elaine, desempenhou um papel fundamental na viabilização da instalação desse dispositivo, com o esforço incansável para garantir os recursos necessários. O resultado foi positivo: a criança, que inicialmente estava na lista de espera para transplante de coração, se recuperou e, atualmente, encontra-se sem suporte circulatório e com boa evolução clínica
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